Inteligência de Dados Fiscais: O que é Data Literacy e qual o seu impacto na Administração Fazendária?

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A atividade fazendária vem se modernizando tecnologicamente a cada dia. Isto tem resultado em um maior controle, mais arrecadação e também uma maior complexidade ao trabalho dos seus servidores e do corpo gestor.


Diversos documentos fiscais eletrônicos e sistemas informatizados têm surgido, gerando uma enorme quantidade de dados que precisam ser processados para serem transformados em conhecimento. Como exemplo, temos o SPED Fiscal (SPED), Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), Nota Fiscal ao Consumidor Eletrônica (NFC-e), Cupom Fiscal Eletrônico (Sefaz-CE e Sefaz-SP), Conhecimento de Transporte Eletrônico (CTE), Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-e), dentre outros existentes e que vão surgir.


No momento em que estou escrevendo este artigo, a Sefaz do Ceará já tem mais de 620 milhões de Notas Fiscais Eletrônicas emitidas e mais de 5,47 bilhões de itens destas notas. Também já ultrapassou os 380 milhões de cupons fiscais, com mais de 1,3 bilhões de itens de cupons. Por dia, são 300 mil NF-e com 2,5 milhões de itens da nota. Já o Cupom Fiscal Eletrônico avança no ritmo de 1,2 milhões de cupons e 5 milhões de itens por dia.


Neste contexto, a capacidade de ler, entender, criar e comunicar dados como informação é cada vez mais relevante para a Administração Fazendária. No entanto, para uma parte dos profissionais fazendários ainda falta conhecimento mais aprofundado sobre a importância de analisar os dados e transformá-los em conhecimento. Por vezes, decisões são tomadas com base numa parte do todo, na amostragem, na pesquisa e na estimativa. Agora, precisamos começar a tomar decisões com base no todo, com 100% da informação.


Assim como fomos alfabetizados na infância e aprendemos a nos comunicar de maneira escrita, devemos também, no âmbito fazendário, aprender a como extrair conteúdos importantes e informações fundamentais dos dados. Este processo é chamado de Data Literacy (alfabetização de dados) e tem ganhado grande destaque com a transformação digital, sendo uma das maiores apostas para o futuro. Isto porque os dados se tornaram o principal ativo das empresas.


À medida que a coleta de dados e o seu compartilhamento se tornam rotineiros e a análise de dados e big data tornam-se ideias comuns, torna-se cada vez mais importante para os agentes da Administração Fazendária ter mais conhecimento nessa área. Alfabetização de dados envolve entender o que estes significam, incluindo a capacidade de ler gráficos e tabelas, bem como tirar conclusões a respeito das informações coletadas. Promover a alfabetização em dados na organização começa com a cultura. É preciso estabelecer culturas iniciais de dados que estimulem o seu uso na tomada de decisões e uma cultura permanente que celebre a curiosidade e o pensamento crítico.


Será uma jornada desconfortável no início, mas é preciso abraçá-la. Seres humanos, mais do que máquinas, poderão se opor a essa mudança, mas uma coisa é clara: ela precisa começar do alto. As equipes de liderança precisam acreditar, promover e viver essa nova cultura. Alfabetização de dados é uma linguagem nova, e todos nós precisamos ser fluentes nisso. Com a quantidade de dados que já temos, este se tornará o meio de comunicação entre TI e negócio, entre os cientistas de dados e os especialistas de domínio.


Essa mudança de cenário tem o potencial de impulsionar a arrecadação, a fiscalização e a gestão financeira. Precisamos agilizar a adoção e o aprendizado de ferramentas e tecnologias que possam impulsionar a alfabetização de dados. Deixo uma provocação: quantos de nós conhecem o significado e a utilização de conceitos e ferramentas como Machine Learning, Ciência de Dados, Analytics, Big Data, SQL, NoSQL, Tableau, Business Object?


Raimundo Tales Benigno Rocha Matos


Auditor Fiscal de Tecnologia da Informação da Receita Estadual


Sefaz-CE

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