Artigo: “Rousseau – cidadão ecológico planetário”, por Luiz Carlos Diógenes

261


Na semana dedicada ao meio ambiente ninguém passa impune! No resto do ano, pegadas antiecológicas se apagam na consciência ética de uma cidadania, anquilosada e extemporânea.

A Fundação Sintaf de Ensino e Pesquisa promove seminário, 7 de junho no auditório da Sefaz-CE, com o claro objetivo de levantar reflexões críticas, sugestivas, à formação cidadã ecológica planetária.

Um diálogo da Administração Pública cearense, da esfera fazendária à esfera ambiental, sob olhar de preocupação e responsabilidade socioambientais. O mar português “pessoano”, na visão do poeta, une e não separa continentes.

A hipótese de Gaia, sistema vivo, remete a um nível de consciência cidadã enleada à rede ecossistêmica de vida planetária. A ação dos seres vivos, nos fios desta teia, repercute no equilíbrio dinâmico do complexo ecocêntrico, tornando-os cidadãos planetários ecológicos. Portadores de consciência racional, os humanos, além de sentir, podem também compreender a verdade deste todo autopoiético.

Os grãos de areia do deserto do Saara levantam-se e voam no vento harmatão, tal qual um bando mineral de minúsculas aves, atravessando o oceano, a fim de fertilizarem de fósforo a carência do solo amazônico, enquanto outro bando vai alimentar os plânctons no Mar do Caribe, como descreve Laurentino Gomes, em Escravidão.

Jean-Jacques Rousseau, seminal às ciências humanas, ergueu o princípio da igualdade, entre seres humanos, como possibilidade, ainda perseguida, de vida social democrática sustentável. “O Contrato Social” e “Emílio”, sobretudo, levaram-no ao exílio da condenação política e moral, no iluminado século XVIII.

No colo da Mãe Natureza, desprendeu-se dos laços da longeva Era Antropocêntrica, prenunciando a Era Ecocêntrica, anunciada pelos revolucionários paradigmas científicos, a partir da segunda metade do século XX.

Ciências da vida e da Natureza fundamentam a luta ético-política da sustentabilidade socioambiental. E Rousseau, fragmento da Natureza, encontrou-se, encontrando o princípio da cidadania ecológica. Legou para a posteridade “Os devaneios do caminhante solitário”, atestado identitário de cidadão ecológico planetário.

Luiz Carlos Diógenes é diretor do Sintaf na Região do Cariri

Fonte: Jornal O Povo