Artigo | “A Fortaleza dos Alencares” – Por Luiz Carlos Diógenes

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“A Fortaleza dos Alencares” é o título do artigo publicado no jornal o Diário do Nordeste no último sábado (20/9), assinado pelo diretor da Fundação Sintaf, Luiz Carlos Diógenes.

Confira:

“A Fortaleza dos Alencares”

Bárbara Pereira de Alencar, dirigente resoluta no ativismo político republicano da família, adotou o Cariri cearense como cenário de seu protagonismo político e cultural, entre os séculos XVIII e XIX. Ela, fortaleza emblemática da família, inspirou expansões políticas aos rebentos José Martiniano e Tristão Gonçalves. Até mesmo o neto, mais literato que político, Zé de Alencar, bebeu da água estóica dormida em sua quartinha. Do Crato insurgente, seus descendentes aportaram em Fortaleza.

Aos 10 anos, o romancista prova dos sertões nordestinos, rumando, novamente, para a Corte, levando no alforje da memória as sementes de Iracema. Marca pela ficção o pertencimento ao lugar da primeira infância. Seu pai, homônimo, governante da Província do Ceará, por duas vezes, deixou em Fortaleza suas pegadas. Entre outras, o Riacho Pajeú fez-se cenário de sua performance administrativa. Assediado por obras de engenharia, ponte de pedra e cal abriu caminho ao areal semovente da Prainha. Juntou as águas do riacho, que corriam para a praia Formosa, em reservatório.

Iracema, mítica, subvertendo o tempo de calendário, banhar-se-ia, nas obras de pai e filho, a cada volta das cascatas adjacentes. Um “camucim” guardou seus ossos de tabajara entre palmeiras fortalezenses. Seu canto nostálgico embala o vento nas palhas de coqueiro, para sensíveis ouvidos. O filho Moacir rebentou o novelo da história. O ficcionista, todavia, herdou da avó, revolucionária de 1817, destemor político e rigor ético. Uma Bárbara, desassombrada, açulou afoiteza e coragem em outro filho, Presidente Tristão no Ceará Confederado. Em 1824 destampou, afoitamente, o caldeirão de um Ceará insubmisso às arrogâncias monarquistas. Partiu de Fortaleza, sertão adentro, à imolação.

Os três – Bárbara, Tristão e Zé de Alencar, o neto, não lamberam botas de Rei. Afrontaram pai e filho, imperialistas.

Fonte: Diário do Nordeste.

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/opiniao/colaboradores/a-fortaleza-dos-alencares-1.3692135

 

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